Oferta de Trigo no Brasil Cai e Aumenta Importações
O Brasil enfrenta uma oferta reduzida de trigo no início do ano, com uma queda de 2,6% na produção interna, aumentando a dependência de importações, especialmente da Argentina. Apesar dos desafios climáticos, há boas perspectivas de rentabilidade para os produtores, com preços de comercialização em alta e expansão da produção no Cerrado.
A oferta de trigo no Brasil começou o ano em baixa, com uma queda de 2,6% na produção em relação ao ano anterior. Esse cenário gera um aumento na dependência de importações para suprir a demanda interna, que se mantém aquecida. A situação é impulsionada por uma redução na área cultivada, apesar de um aumento na produtividade.
Queda na Produção Interna de Trigo
A produção de trigo no Brasil iniciou o ano com uma redução significativa, registrada em 2,6% em comparação ao ano anterior. Essa queda é atribuída principalmente à diminuição da área cultivada, que sofreu uma contração de 11,9%, totalizando 3,06 milhões de hectares.
Apesar dessa redução, a produtividade apresentou um aumento de 10,6%, atingindo 2,58 toneladas por hectare, o que ajudou a mitigar parcialmente a perda de área plantada.
Essa dinâmica reflete desafios enfrentados pelo setor agrícola nacional, como condições climáticas adversas e a necessidade de adaptação a novas práticas agrícolas.
A redução na área de cultivo, embora compensada em parte pela maior produtividade, ainda não foi suficiente para atender à crescente demanda interna, resultando em uma necessidade continuada de importações para suprir o mercado.
Além disso, a dependência de importações pode afetar a estabilidade dos preços internos, influenciando diretamente o custo final para o consumidor.
O cenário atual exige estratégias mais eficazes por parte dos produtores e políticas públicas que incentivem o aumento da produção local, garantindo maior autonomia e competitividade no mercado global de trigo.
Impacto nas Importações e Mercado Interno
Com a redução na oferta interna de trigo, o Brasil se vê obrigado a intensificar as importações para atender à demanda do mercado interno. Estima-se que a necessidade de importação alcance cerca de 3,5 milhões de toneladas, mesmo considerando os estoques iniciais. Essa dependência das compras externas mantém o mercado interno aquecido e pressiona os preços, especialmente no início do ano.
A Argentina, principal fornecedora de trigo para o Brasil, pode aliviar essa pressão devido à redução dos impostos sobre exportação, de 12% para 9,5%, até junho de 2025. No entanto, a concorrência com outros mercados, como o chinês, que tem aumentado suas compras de trigo argentino, pode limitar essa vantagem.
No cenário global, fatores como as políticas de exportação dos Estados Unidos e as condições climáticas em grandes produtores como Rússia e União Europeia, também influenciam a dinâmica do mercado de trigo. Para o Brasil, essa conjuntura global pode resultar em maior volatilidade nos preços e desafios adicionais para equilibrar oferta e demanda internas.
Perspectivas para Produtores Brasileiros
Os produtores brasileiros de trigo enfrentam um cenário desafiador, mas com oportunidades de maior rentabilidade.
Apesar dos custos operacionais não terem aumentado na mesma proporção que os preços do cereal, a relação custo/benefício se mostra favorável para aqueles que continuam investindo na cultura. Em algumas regiões, os preços de comercialização do trigo subiram entre 30% e 34% em comparação ao ano anterior.
Regiões como o Rio Grande do Sul e o Paraná têm mostrado variações nos custos, mas a rentabilidade líquida permanece positiva, com taxas entre 15% e 25%. Isso incentiva os produtores a expandirem suas áreas de cultivo, especialmente no Cerrado, onde a produção de trigo irrigado está em crescimento.
Estados como Bahia, Goiás e Minas Gerais estão se tornando importantes para a oferta interna, contribuindo para uma maior diversificação geográfica da produção.
No entanto, desafios climáticos, particularmente no Sul e Sudeste, podem limitar o potencial de expansão. A boa rentabilidade e os preços atrativos são fatores motivadores, mas é essencial que os produtores adotem práticas agrícolas inovadoras e sustentáveis para mitigar riscos.