Saúde, Segurança e Meio Ambiente

Desmatamento no Cerrado reduz 33% em 2024, mas ainda preocupa

O desmatamento no Cerrado teve uma redução de 33% em 2024, mas a região do Matopiba é responsável por 82% das perdas, evidenciando a urgência de políticas mais eficazes para proteger essa área.

O desmatamento no Cerrado caiu 33% em 2024, atingindo 712 mil hectares, segundo o SAD Cerrado. Apesar da redução, a área desmatada ainda é preocupante, comparável ao Distrito Federal.

Impacto das políticas de combate ao desmatamento

O impacto das políticas de combate ao desmatamento no Cerrado em 2024 foi significativo, resultando em uma redução de 33% na área desmatada em comparação ao ano anterior. Essa queda é atribuída a medidas rigorosas de controle e fiscalização implementadas recentemente.

Segundo Fernanda Ribeiro, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), essas políticas contribuíram para a diminuição do desmatamento, mas ainda há desafios a serem enfrentados. A área total desmatada continua elevada, destacando a necessidade de estratégias mais abrangentes e integradas.

Além das ações de combate, é essencial promover o engajamento do setor privado e implementar instrumentos econômicos e regulatórios eficazes. A experiência na Amazônia mostra que a combinação de políticas de controle com incentivos econômicos pode ser uma abordagem eficaz para reduzir o desmatamento.

A implementação de políticas mais robustas e a colaboração entre governo, setor privado e sociedade civil são fundamentais para garantir a preservação do Cerrado. O reforço das políticas públicas e o desenvolvimento de novas estratégias são passos essenciais para proteger esse bioma crucial.

Desmatamento concentrado na região do Matopiba

A região do Matopiba, que abrange partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é um dos principais focos de desmatamento no Cerrado. Em 2024, essa área concentrou 82% de todo o desmatamento registrado no bioma, totalizando 586 mil hectares perdidos.

O Matopiba é uma região de expansão agrícola, o que intensifica a pressão sobre a vegetação nativa. A conversão de terras para a agricultura é uma das principais causas do desmatamento, exacerbando a perda de biodiversidade e contribuindo para mudanças climáticas locais.

O Maranhão lidera o desmatamento no Matopiba, com 225 mil hectares desmatados em 2024, apesar de uma redução de 26% em relação ao ano anterior. Tocantins, Piauí e Bahia também registraram desmatamentos significativos, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais eficazes para conter a destruição ambiental.

Para mitigar os impactos, é essencial implementar medidas de ordenamento territorial e promover práticas agrícolas sustentáveis. A colaboração entre governos locais, produtores e organizações ambientais é essencial para preservar a vegetação remanescente e garantir o uso sustentável dos recursos naturais.

Municípios mais afetados pelo desmatamento

Os municípios mais afetados pelo desmatamento no Cerrado em 2024 estão concentrados na região do Matopiba, com destaque para Balsas (MA), Alto Parnaíba (MA), Mateiros (TO) e Ponte Alta do Tocantins (TO). Juntos, esses municípios somaram 61 mil hectares desmatados, representando cerca de 10% da área total desmatada na região.

Esses municípios estão no coração do Matopiba, uma área de intensa atividade agrícola e de expansão das fronteiras agrícolas. A proximidade entre eles e a alta concentração de propriedades privadas com vegetação nativa remanescente tornam a região especialmente vulnerável ao desmatamento.

Além das áreas com Cadastro Ambiental Rural (CAR) registradas, as áreas sem posse definida também sofrem com altos índices de desmatamento, correspondendo a 10% do total no Cerrado. As unidades de conservação, embora protegidas, não estão imunes, com 5,6% do desmatamento ocorrendo nessas áreas, totalizando 39 mil hectares.

Para enfrentar esse desafio, é necessário fortalecer as políticas de monitoramento e fiscalização, além de promover a regularização fundiária e incentivar práticas de uso sustentável da terra. A participação ativa dos governos locais e das comunidades é crucial para reverter a tendência de desmatamento e proteger o Cerrado.

Renata Figueiredo Maciel

Colunista no segmento Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA) | Renata Figueiredo Maciel é jornalista ambiental e bióloga, especialista em sustentabilidade, conservação e impactos industriais, traduzindo dados científicos em análises acessíveis sobre meio ambiente e políticas públicas.

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