Laços com Japão e Vietnã estão no centro da nova estratégia comercial do Brasil
Lula está em busca de fortalecer as relações com o Japão e o Vietnã, visando diversificar parcerias comerciais além dos EUA e da China. Durante sua visita de Estado, ele discutirá acordos comerciais, com foco na abertura do mercado japonês para a carne brasileira, como parte de uma estratégia para impulsionar a economia do Brasil e aumentar sua influência política no cenário internacional.
Em meio a tensões comerciais globais, Lula busca fortalecer laços com Japão e Vietnã. A visita ocorre enquanto o Brasil enfrenta desafios internos e externos, incluindo tarifas impostas pelos EUA. Com foco em acordos comerciais e diplomáticos, a viagem destaca a importância de diversificar parcerias além de China e EUA.
Contexto geopolítico atual
O cenário geopolítico atual é caracterizado por tensões comerciais e mudanças nas alianças internacionais. Com a imposição de tarifas pelo governo dos Estados Unidos, muitos países estão buscando diversificar suas parcerias econômicas e políticas.
O Brasil, sob a liderança de Lula, está explorando novas oportunidades na Ásia, especialmente com o Japão e o Vietnã, para fortalecer suas relações comerciais e diplomáticas.
A estratégia de diversificação é vista como uma resposta às incertezas geradas pelas políticas protecionistas dos EUA e pela crescente influência da China no cenário global.
Especialistas apontam que essa movimentação é essencial para garantir a estabilidade econômica e política do Brasil, além de abrir novos mercados para produtos brasileiros.
Além disso, o fortalecimento dos laços com países asiáticos pode oferecer ao Brasil uma posição mais vantajosa nas negociações internacionais, promovendo um equilíbrio nas relações de poder e influenciando positivamente as exportações brasileiras.
Importância do Japão e Vietnã
O Japão e o Vietnã são parceiros estratégicos para o Brasil em sua busca por diversificação econômica e política.
O Japão, com sua economia robusta e avançada, oferece ao Brasil um mercado promissor para produtos como carne bovina, suína e soja.
Além disso, o Japão é um importante fornecedor de tecnologia e produtos industrializados, essenciais para o desenvolvimento de setores estratégicos no Brasil.
Por outro lado, o Vietnã, com sua economia em rápido crescimento, representa uma oportunidade para o Brasil expandir suas exportações e fortalecer laços comerciais na região do Sudeste Asiático.
As relações com o Vietnã também são vistas como uma porta de entrada para o Brasil no mercado da ASEAN, um bloco econômico que inclui 10 países do Sudeste Asiático e que tem mostrado grande potencial de crescimento.
Tarifaço de Trump e seus efeitos
O tarifaço imposto pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou repercussões significativas no comércio global, afetando diretamente países que dependem das exportações para o mercado americano.
As tarifas sobre produtos como aço e alumínio, além de outras medidas protecionistas, levaram nações a buscar alternativas para mitigar os impactos econômicos.
Para o Brasil, essas tarifas representam um desafio, uma vez que os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais do país.
A necessidade de encontrar novos mercados e fortalecer relações com outras nações se tornou uma prioridade para o governo brasileiro, que vê no Japão e no Vietnã oportunidades de diversificação econômica.
Os efeitos do tarifaço também incentivaram o Brasil a participar de negociações multilaterais e a buscar acordos que promovam um comércio mais justo e equilibrado.
A aproximação com países asiáticos é parte dessa estratégia, visando não apenas compensar as perdas com as tarifas estadunidenses, mas também garantir um crescimento sustentável e a inserção do Brasil em cadeias globais de valor.
Relações comerciais Brasil-Japão
As relações comerciais entre Brasil e Japão têm uma longa história, marcada por cooperação e troca de produtos e tecnologias.
O comércio bilateral atingiu US$ 11 bilhões em 2024, destacando-se produtos como minério de ferro, carne de frango e soja em grãos nas exportações brasileiras.
Em contrapartida, o Japão exporta para o Brasil produtos industrializados de alto valor agregado, como máquinas, equipamentos e veículos.
Apesar da queda de 15% nas exportações brasileiras para o Japão entre 2023 e 2024, o fluxo comercial continua significativo, com superávit de US$ 146 milhões para o Brasil.
Essa relação é estratégica, pois o Japão é um dos poucos países asiáticos com os quais o Brasil mantém um superávit comercial.
A visita de Lula ao Japão visa revitalizar essas relações, com foco na abertura do mercado japonês para a carne bovina e suína brasileira.
Além disso, o Brasil busca avançar nas discussões para um acordo entre Mercosul e Japão, que poderia ampliar ainda mais o comércio e a cooperação em áreas como ciência, tecnologia e sustentabilidade.
Acordo Mercosul-Japão
O acordo entre Mercosul e Japão é uma prioridade para o Brasil, que busca expandir suas relações comerciais além dos tradicionais parceiros.
As negociações visam reduzir barreiras tarifárias e não tarifárias, facilitando o comércio de produtos agropecuários e industrializados entre as regiões.
Um acordo poderia aumentar a competitividade dos produtos sul-americanos no mercado japonês, além de atrair investimentos japoneses para setores-chave da economia brasileira.
Durante a visita de Lula ao Japão, o governo brasileiro espera avançar nas discussões sobre esse acordo. A assinatura de cerca de 80 atos entre os dois países, em áreas como ciência e tecnologia, reflete o interesse mútuo em fortalecer laços econômicos e diplomáticos.
Expectativas do setor agrícola brasileiro
O setor agrícola brasileiro tem grandes expectativas em relação à visita de Lula ao Japão, especialmente quanto à abertura do mercado japonês para a carne bovina e suína in natura do Brasil.
Esse pleito, que já dura quase duas décadas, é visto como uma oportunidade de expandir significativamente as exportações brasileiras para um dos maiores importadores de carne bovina do mundo.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) considera o momento como decisivo para as negociações, já que o Japão importa cerca de 80% de sua carne bovina dos Estados Unidos e da Austrália.
A entrada do Brasil nesse mercado poderia diversificar as fontes de abastecimento do Japão e aumentar a competitividade da carne brasileira.
Apesar do otimismo, um anúncio conclusivo não é esperado durante a visita, pois ainda há procedimentos, como o envio de uma missão sanitária japonesa ao Brasil, que precisam ser cumpridos.
No entanto, qualquer progresso nas negociações será visto como um avanço significativo para o setor agrícola brasileiro.
Impacto econômico e político
A visita de Lula ao Japão e Vietnã tem potencial para gerar impactos econômicos e políticos significativos para o Brasil.
Economicamente, a abertura de novos mercados e a diversificação das exportações podem fortalecer a balança comercial brasileira, reduzindo a dependência de parceiros tradicionais como os Estados Unidos e a China.
Politicamente, a aproximação com países asiáticos reforça a posição do Brasil como um ator global relevante, capaz de dialogar com diferentes blocos econômicos e políticos. Essa estratégia pode aumentar a influência do Brasil em fóruns internacionais e contribuir para uma maior estabilidade nas relações exteriores.
Além disso, os acordos e parcerias resultantes dessa visita podem impulsionar setores estratégicos da economia brasileira, como a agricultura e a tecnologia, gerando empregos e estimulando o crescimento econômico.
A presença de uma comitiva de alto nível também sinaliza o comprometimento do governo em fortalecer laços diplomáticos e comerciais, o que pode trazer benefícios de longo prazo para o Brasil.
Fonte: BBC Brasil