Indústria e Tendências

Portos Congestionados no Brasil Geram Prejuízos Bilionários em 2024

Os portos brasileiros enfrentam sérios congestionamentos em 2024 devido à infraestrutura inadequada e má gestão, aponta a Folha de S.Paulo, resultando em atrasos e cancelamentos de embarques, o que gera perdas bilionárias para o comércio, especialmente no setor cafeeiro.

Os portos congestionados no Brasil estão gerando uma crise logística sem precedentes em 2024, aponta a investigação da Folha de S.Paulo. A infraestrutura inadequada e a má gestão estão resultando em atrasos e cancelamentos de embarques, afetando o comércio e resultando em prejuízos bilionários. Especialistas destacam a necessidade urgente de melhorias para evitar que a situação se agrave.

Causas da Congestão Portuária

A congestão portuária no Brasil em 2024 é resultado de uma combinação de fatores que afetam diretamente a eficiência dos terminais de contêineres.

Primeiramente, a infraestrutura portuária não acompanhou o crescimento acelerado do comércio de contêineres, que mais do que dobrou desde 2010. Com isso, os terminais enfrentam dificuldades para lidar com o aumento do volume de carga.

Além disso, muitos portos operam com capacidade acima do recomendado, como é o caso do Porto de Itapoá, que atingiu 91% de utilização em 2024. Essa sobrecarga provoca atrasos nas operações, já que os terminais não conseguem processar a carga de maneira eficiente.

A logística ineficiente é outro fator crítico. A falta de coordenação entre os diversos elos da cadeia de suprimentos, desde o transporte terrestre até o embarque marítimo, resulta em filas e tempos de espera prolongados.

A gestão deficiente e a falta de transparência nas operações portuárias também contribuem para agravar a situação.

Por fim, a prática de “blank sailings”, onde navios desviam de portos congestionados, leva ao cancelamento de escalas programadas, aumentando os prejuízos para exportadores e importadores.

Esses fatores combinados criam um cenário desafiador que exige ações imediatas para evitar perdas ainda maiores no futuro.

Impacto Econômico dos Atrasos

Os atrasos nos portos brasileiros têm um impacto econômico significativo, afetando diversas indústrias que dependem do transporte de contêineres.

Em 2024, a crise de congestionamento resultou em bilhões de reais em perdas para o comércio exterior, com atrasos e cancelamentos de embarques prejudicando a exportação de produtos de alto valor.

O setor cafeeiro, por exemplo, foi um dos mais afetados, com 1,8 milhão de sacas de café, equivalentes a 5.800 contêineres, retidas nos portos até dezembro de 2023.

Isso resultou em uma perda de receita de US$ 555 milhões, além de custos logísticos adicionais de R$ 51,5 milhões entre junho e dezembro de 2024, levantou a Folha.

Esses atrasos não apenas afetam o fluxo de caixa das empresas, mas também prejudicam a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

Produtos perecíveis, como carnes congeladas, enfrentam riscos de deterioração, enquanto indústrias como a automotiva e a química sofrem com interrupções na cadeia de suprimentos, impactando a produção e o lançamento de novos produtos.

Além disso, as taxas de sobreestadia, cobradas por exceder o período de armazenamento gratuito nos terminais, aumentam os custos operacionais para os exportadores.

A situação exige medidas urgentes para melhorar a eficiência portuária e minimizar os prejuízos econômicos associados aos atrasos.

Medidas para Mitigar a Crise

Para mitigar a crise nos portos brasileiros, diversas medidas estão sendo consideradas e implementadas pelas autoridades e pelo setor privado.

Uma das principais iniciativas é a expansão da infraestrutura portuária, com o governo planejando realizar 60 leilões de portos até 2026, aumentando a capacidade nacional.

O projeto de expansão do terminal Tecon Santos 10, atualmente em consulta pública, é um exemplo de investimento que pode aumentar em 50% a capacidade do Porto de Santos, o maior do país.

Além disso, o Programa Navegue Simples, lançado pelo governo, visa desburocratizar operações de carga, incluindo contêineres, agilizando aprovações de novas concessões.

No curto prazo, as autoridades estão priorizando a aprovação rápida de Terminais de Uso Privado (TUPs) para aliviar a pressão sobre os terminais públicos.

A redução dos prazos de concessão para terminais públicos também está em discussão, com o objetivo de acelerar a expansão e a modernização das instalações.

Além das melhorias de infraestrutura, há um apelo por maior supervisão e transparência nas operações portuárias e de navegação.

Isso inclui a implementação de sistemas de gestão mais eficientes e a promoção de melhores práticas logísticas para reduzir atrasos e aumentar a eficiência operacional.

Essas medidas, se implementadas de forma eficaz, podem ajudar a aliviar a crise de congestionamento, permitindo que os portos brasileiros operem de maneira mais eficiente e competitiva no cenário global.

Marina Leal

Colunista no segmento Indústria e Tendências | Marina Leal é analista de mercado e especialista em tendências globais que impactam a indústria e a economia há mais de uma década.

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