Nova tecnologia da UFMG captura CO2 de caminhões
Pesquisadores da UFMG desenvolveram uma tecnologia inovadora para capturar CO2 de caminhões, com uma eficiência de até 17,2%. A solução, que conta com parcerias e patentes, tem como objetivo reduzir as emissões de carbono e promover a economia circular.
A Universidade Federal de Minas Gerais desenvolveu uma tecnologia inovadora para capturar CO2 emitido por caminhões, antecipando metas de redução de emissões. O sistema, que já passou por testes, promete eficiência energética e aplicações em economia circular.
Desenvolvimento e avanços da tecnologia
A pesquisa liderada pelo professor Jadson Cláudio Belchior na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) já se estende por quase duas décadas, focando no desenvolvimento de uma tecnologia capaz de capturar gás carbônico emitido por caminhões. Iniciada em 2007, a investigação passou por diversas fases, cada uma representando um avanço significativo na eficiência do sistema.
Inicialmente, o material desenvolvido era capaz de absorver CO2 a uma temperatura de combustão de 600ºC. Com o tempo, essa temperatura foi gradualmente reduzida, chegando a 100ºC na fase mais recente.
Essa redução não só aumenta a eficiência energética do processo, mas também permite que o CO2 capturado seja reutilizado em outros setores, como na indústria de bebidas e na fabricação de combustíveis sintéticos, promovendo a economia circular.
O sistema utiliza semiesferas de cerâmica com componentes químicos específicos, que são inseridas em um reator acoplado ao sistema de escape dos caminhões. Este método inovador tem o potencial de transformar a forma como lidamos com emissões de veículos pesados, especialmente em um cenário onde a redução de emissões é crucial para combater as mudanças climáticas.
Resultados dos testes e eficiência
Nos testes mais recentes, realizados em outubro do ano passado, a tecnologia desenvolvida pela UFMG demonstrou resultados promissores em termos de captura de CO2.
Durante um percurso de 170 quilômetros, que incluiu trechos rodoviários, urbanos e rurais, o sistema foi capaz de capturar entre 7,7% e 17,2% do CO2 emitido por caminhões. A variação nos resultados se deve às diferentes temperaturas atingidas pelo sistema de combustão durante o trajeto.
No cenário urbano, onde a temperatura é mais controlada, a eficiência de captura alcançou 17,2%, enquanto no trajeto total ficou em 7,7%. Esses números indicam que, com o controle adequado da temperatura, a eficiência do sistema pode ser significativamente aumentada.
O professor Jadson Cláudio Belchior acredita que, com avanços na tecnologia de resfriamento do gás, a captura de CO2 pode chegar a 80%.
Esses resultados destacam o potencial da tecnologia não apenas para reduzir as emissões de caminhões, mas também para se tornar uma solução viável para outros setores que utilizam combustíveis fósseis, contribuindo para uma economia mais sustentável e menos dependente de combustíveis poluentes.
Parcerias e patentes registradas
O desenvolvimento da tecnologia de captura de CO2 pela UFMG contou com o apoio de diversas parcerias ao longo dos anos. Desde o início, a pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e por empresas do setor automotivo.
Entre 2015 e 2018, a Petrobras e a Fiat (atualmente Stellantis) foram fundamentais na segunda fase do projeto, oferecendo recursos para avanços significativos.
Em 2021, a colaboração com o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e uma indústria de veículos permitiu novos desenvolvimentos, culminando em resultados impressionantes. O projeto também foi beneficiado pelo Programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística do Governo Federal, em 2022, que visa fomentar o setor automotivo no Brasil.
Ao longo do processo, foram depositadas 21 patentes, das quais 11 já foram concedidas, incluindo sete nos Estados Unidos. Essas patentes garantem a proteção intelectual da tecnologia e abrem portas para futuras colaborações e investimentos, essenciais para transformar o protótipo atual em uma solução comercial viável e eficiente.