COP30: críticas internacionais às políticas ambientais do Brasil em destaque
Críticas internacionais destacam que as políticas ambientais do Brasil, como o desmatamento e a exploração de petróleo, podem comprometer sua liderança na COP30, enquanto o governo argumenta que essas ações são fundamentais para a segurança energética e uma transição gradual para uma economia de baixo carbono.
O Brasil enfrenta duras críticas às suas políticas ambientais publicadas na revista Science, destacando preocupações sobre desmatamento e emissões de gases do efeito estufa antes da COP30.
Impacto das políticas governamentais no desmatamento
O editorial da revista Science destaca que as políticas governamentais do Brasil têm contribuído significativamente para o aumento do desmatamento na Amazônia.
Cientistas como Philip Fearnside e Walter Leal Filho apontam que, exceto pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, a maioria dos setores governamentais promove atividades que intensificam as emissões de gases do efeito estufa.
Um exemplo citado é o projeto do Ministério dos Transportes de recuperar a BR-319, que liga Manaus a Porto Velho. Segundo os autores, a restauração dessa rodovia pode abrir grandes áreas da Floresta Amazônica à entrada de desmatadores, ameaçando ainda mais o bioma.
Além disso, a política de subsídios do Ministério da Agricultura para transformar pastagens em plantações de soja é vista como um incentivo ao desmatamento.
Quando a terra se torna mais valiosa para o plantio de soja, pecuaristas vendem a terra para agricultores, que, por sua vez, buscam novas áreas para desmatar, perpetuando o ciclo de destruição.
Os especialistas alertam que essas políticas não apenas ameaçam a biodiversidade, mas também têm o potencial de liberar carbono suficiente para acelerar o aquecimento global a um ponto irreversível. Eles defendem uma mudança radical nas práticas governamentais para mitigar esses impactos.
Controvérsias sobre a exploração de petróleo na Amazônia
A exploração de petróleo na Amazônia tem gerado intensas controvérsias, especialmente considerando os planos do Ministério de Minas e Energia de abrir novos campos de exploração na Floresta Amazônica e em regiões costeiras.
Os críticos, como os cientistas Fearnside e Leal Filho, argumentam que essa estratégia pode levar a um desastre climático, destacando que a exploração de combustíveis fósseis é incompatível com os esforços para conter as mudanças climáticas.
Os autores do editorial na revista Science alertam que a abertura de campos de petróleo na foz do Rio Amazonas pode ter efeitos de longo prazo, com operações que demorariam anos para começar a gerar retorno financeiro, prolongando a dependência de combustíveis fósseis.
Eles enfatizam que essa abordagem contraria as recomendações da Agência Internacional de Energia, que defende o fim da abertura de novos pontos de exploração até 2050.
Por outro lado, o governo brasileiro, através do Ministério de Minas e Energia, defende que os projetos exploratórios na Bacia da Foz do Amazonas não estão próximos à Floresta Amazônica e seguem rigorosos padrões ambientais.
O ministério argumenta que a exploração é essencial para a segurança energética do Brasil e que a transição para uma economia de baixo carbono deve ser gradual.
Essa divergência de perspectivas ressalta a complexidade das decisões sobre a exploração de recursos naturais na Amazônia, onde interesses econômicos e ambientais frequentemente entram em conflito.
Desafios da COP30 para reverter mudanças climáticas
A COP30, que será sediada em Belém do Pará, enfrenta enormes desafios para reverter as mudanças climáticas globais.
Especialistas destacam que, para que o evento seja eficaz, é crucial não apenas conter o desmatamento, mas também promover uma transição rápida para o fim do uso de combustíveis fósseis. Isso exige um compromisso global e ações concretas, especialmente por parte do Brasil, anfitrião da conferência.
Cientistas como Fearnside e Leal Filho enfatizam que o Brasil deve liderar pelo exemplo, modificando suas práticas atuais que incentivam o desmatamento e a exploração de petróleo.
Eles defendem que a COP30 deve ser um ponto de inflexão, onde políticas sustentáveis sejam priorizadas para evitar um “ponto de não-retorno climático”.
Além disso, a conferência deve abordar as emissões de gases do efeito estufa provenientes da Amazônia, um dos maiores desafios para alcançar os objetivos climáticos.
A necessidade de uma mudança radical nas políticas governamentais é vista como essencial para garantir o sucesso da COP30 e para que o Brasil assuma um papel de liderança na luta contra as mudanças climáticas.
Os desafios incluem harmonizar interesses econômicos e ambientais, garantindo que as políticas adotadas sejam sustentáveis e justas, promovendo o desenvolvimento sem comprometer o futuro do planeta.
Reações do governo às críticas internacionais
As reações do governo brasileiro às críticas internacionais sobre suas políticas ambientais têm sido variadas.
O Ministério do Transporte afirmou que as políticas ambientais são definidas pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, mostrando uma tentativa de centralizar a responsabilidade e esclarecer a divisão de funções entre os ministérios.
Por sua vez, o Ministério de Minas e Energia destacou que os projetos de exploração na Bacia da Foz do Amazonas não estão próximos à Floresta Amazônica e seguem padrões ambientais rigorosos.
O ministério defende que a exploração de petróleo é crucial para a segurança energética do país e que a transição para uma economia de baixo carbono deve ser gradual, evitando impactos econômicos e sociais significativos.
Além disso, o ministério argumenta que a exploração brasileira possui uma das menores pegadas de carbono do mundo, tornando-a uma alternativa mais sustentável em comparação à produção global.
Eles também alertam que a não exploração das reservas pode resultar em dependência de importações e perda de arrecadação.
Essas respostas refletem a complexidade da situação, onde o governo precisa equilibrar o desenvolvimento econômico com a responsabilidade ambiental, em meio a pressões internacionais para adotar políticas mais sustentáveis.
Fonte: g1