Pesquisa com bactérias na Amazônia pode desenvolver novos medicamentos

Pesquisadores estão utilizando o acelerador Sirius e colaborando com a UFPA para investigar bactérias da Amazônia, com o objetivo de desenvolver novos medicamentos a partir de substâncias com potencial terapêutico.
Pesquisadores estão explorando bactérias na Amazônia para desenvolver novos medicamentos. Usando o acelerador Sirius, eles analisam genes bacterianos, buscando substâncias com potencial antibiótico e antitumoral. Parcerias entre CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) e UFPA (Universidade Federal do Pará) são fundamentais para essas descobertas.
Uso do acelerador Sirius para análise genética
O acelerador Sirius, localizado no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, é uma ferramenta crucial para a análise genética de bactérias.
Este equipamento, considerado o maior microscópio da América do Sul, permite a observação detalhada dos genes bacterianos, possibilitando a descoberta de novas substâncias com potencial medicinal.
Com o uso do Sirius, os pesquisadores conseguem entender como os genes das bactérias funcionam e quais substâncias elas podem produzir.
Essa análise é essencial para identificar compostos com propriedades antibióticas e antitumorais, que são o foco principal das pesquisas em desenvolvimento de novos medicamentos.
Os primeiros resultados dessa pesquisa inovadora foram publicados em uma revista internacional especializada, destacando a importância do Sirius na busca por soluções terapêuticas.
A capacidade do acelerador de analisar amostras em detalhe minucioso torna-o uma ferramenta indispensável para avanços na biotecnologia e farmacologia.
Parceria entre CNPEM e UFPA
A parceria entre o CNPEM e a Universidade Federal do Pará é um pilar fundamental na pesquisa de novas substâncias medicinais a partir de bactérias amazônicas. Essa colaboração une expertise e infraestrutura, permitindo avanços significativos na biotecnologia.
O trabalho de campo inicial ocorreu no Parque Estadual do Utinga, onde amostras de solo foram coletadas para análise. Essas amostras contêm bactérias das classes Actinomycetes e Bacilli, que são estudadas para identificar genes com potencial terapêutico.
Pesquisadores da UFPA, liderados por Diego Assis das Graças, utilizam tecnologias de ponta, como o sequenciador PromethION, para decodificar o DNA bacteriano. Essa tecnologia permite o sequenciamento de genomas complexos com alta precisão, revelando novas possibilidades na descoberta de fármacos.
A colaboração entre as duas instituições não só fortalece a pesquisa científica, mas também contribui para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, destacando o valor da biodiversidade local na inovação farmacêutica.
Desenvolvimento de novos fármacos a partir de bactérias
O desenvolvimento de novos fármacos a partir de bactérias amazônicas representa um avanço promissor na medicina e na biotecnologia. Essa pesquisa busca explorar a diversidade genética das bactérias para identificar substâncias com potencial terapêutico.
As bactérias do gênero Streptomyces, Rhodococcus e Brevibacillus são estudadas para descobrir novos metabólitos secundários, que são pequenas moléculas naturais com propriedades medicinais. Mais de dois terços dos fármacos conhecidos têm origem nesses compostos.
Com a técnica de metabologenômica, os pesquisadores conseguem isolar e manipular genes bacterianos para produzir substâncias em laboratório. Esse processo permite a criação de protótipos de medicamentos que podem ser testados e desenvolvidos em escala industrial.
O potencial econômico e terapêutico dessas descobertas é significativo, oferecendo novas soluções para o tratamento de infecções e tumores, além de valorizar a biodiversidade da Amazônia como fonte de inovação científica.